Por algum motivo estranho e ainda não muito bem digerido por mim, o meu filho não fala na creche. Nada, é criança que não se ouve. Ora, o meu filho é o verdadeiro papagaio. Neste mês e pouco que esteve em casa desenvolveu a falar de forma alarve e agora faz entender lindamente.
À 6ª como saio mais cedo, vou buscá-lo mais cedo e aproveito para falar 1 bocadinho com a auxiliar e educadora da sala dele (que no resto dos dias já sairam à hora que o vou buscar).
Quando eu entrei na sala, ele abre a goela e solta e um sonora 'Mããããeeee' o que logo surpreendeu a Dª E. (auxiliar dele). Sentei-me um bocadinho a falar com ela. Que é um querido, muito bem comportado mas muiiiiiiiiiiiiiiiiiito teimoso, independente, com a mania que é mais crescido do que realmente é. De repente, uma coleguinha dele que andava por ali a cirandar deixa cair o seu Noddy de peluche. Ele que estava ao meu colo arregala o olhito e: "óia mãe, nody caiu. Ohhhh upa, upa."
Nessa altura, a Dª E. não se conteve e soltou-se: "Mas ele fala!!!!!!!!!"
Claro que fala e continuou a falar enquanto conversávamos. Disse-me que lá ele nunca fala e elas estavam convencidas que ele estava atrasado em relação à fala e por isso até me íam sugerir que se atrasasse o desfralde porque le não teria capacidade de pedir xixi ou cócó. Expliquei-lhe que ele fala bastante bem e entende tudo. Temos inclusivé bastantes diálogos e que eu lhe faço perguntas com escolhas multiplas, sem lhe apresentar logo a resposta, para ele aprender a optar (tipo: queres chá ou água? ou Queres ver o Ruca ou o Pocoyo?). E ele já consegue acompanhar o raciocinio.
De facto, ele só fala quando tem algo para dizer, mas como sai à mãe e bastante 'opinioso' e tem que meter a colherada. Assim como quando fala é sempre de forma a fazer-se entender.
A situação culminou com a seguinte cereja no topo do bolo: o educadora não estava na sala. Quando ela entra, ele olha para ela, afivela o seu melhor sorriso e pergunta: "Oh Cáudia, on tá?" Como quem pergunta: "onde andaste que não sabia de ti."
A Educadora sorri para ele, pede-lhe o beijinho de fim-de-semana e diz-lhe que 2ª logo conversam mas que ele terá que participar na conversa. Depois olha para a Dª E. sorridente e acrescenta: "E este era o menino que não falava... Até sabe os nossos nomes e nunca nos tinha chamado."
Observei-o no dia a seguir quando tomávamos café com uma amiga e com o filho da mesma idade. A forma como o Rafa o observava sem falar ainda que nós o provocássemos. Mas assim que se afastavam ele perguntava: "On tá Fonso?"
Não sei porque é tão renitente a começar a falar com alguém. Será que 1º avalia se vale a pena manter um diálogo com essa pessoa? Precisará de algum estímulo especial? Mau feitio, puro e duro?